sábado, 2 de outubro de 2010

Meu encanto.

Sentada aqui, neste banco, revivi boa parte de minha vida. Lembrei dos problemas insolucionáveis e consequentemente das soluções que encontrei, nem sempre tão boas, confesso.. Porém acabei achando-as perdidas em algum canto de mim.
Certa vez, me lembro como se fosse agora, minha querida mãe veio me trazer cartas, em branco, que ela dizia que me fariam bem. Me fariam bem? Como, se estavam em branco? Acabei pegando-as e guardando no fundo de um baú velho e sujo, escondido atrás de uma escrivaninha bege que possuía. A curiosidade me tomava.. Por que aqueles papéis em branco me serviriam de algo? Não entendia o sentido, mas não fiz questão de desvendar o mistério. Minha vida corria, aulas, trabalho, amigos..
Um, em especial, que apesar de distante estava sempre muito presente e a cada vez que me dirigia à palavra, por telefone, ou qualquer outro meio de comunicação, fazia ir à 200, os meus batimentos cardíacos. Lembrava-me dele diariamente, acordava pensando, vivia pensando e não admitia estar encantada.
Certa vez, porém, precisei desabafar e abri o baú detonado, achei alguns papéis em branco e escrevi algumas primeiras palavras que me vieram à mente.

'Desejar te ter comigo. Te amar e ser correspondida. Te abraçar e te beijar, sem nenhum peso na consciência. Poder pensar em você. Te querer por perto. Fazer parte da sua vida. Compartilhar bons e maus momentos. Entender os problemas e auxiliar nas soluções. Chorar de alegria. Amar inexplicavelmente. Te chamar de meu. Sonhar com você diante de mim, me chamando de qualquer apelidinho bobo. Idealizar a forma que o seu olhar tomaria, se estivesse olhando em minha direção. E entender o que se passa na sua cabeça. Tornar nossos momentos, até agora meus, eternos. E principalmente, reais!'

Desejei por um momento, apagar as tais palavras, mas de nada adiantaria..
Elas estavam gravadas em mim e todos aqueles desejos eram verdadeiros. Permaneci sentada, e aos poucos algumas lágrimas foram caindo, indo de encontro ao chão. Entender os meus motivos não era nada fácil, mas eu me permitia chorar sempre que preciso.
Eu amava, em silêncio e pararia de chorar quando estivesse completa, quando meu vazio fosse preenchido. E eu sabia, só ele preencheria.
Lembrei-me então. Aquele papel em branco em que eu escrevia era a tal carta que me ajudaria no futuro, que me faria bem. Continuei não vendo nexo, até que minha mãe entrou pela porta do quarto e sussurrou em meu ouvido:
- Agora vai, mostre-a à ele e diga tudo o que tem à dizer.
- Mostrar? O que? À quem? - Me fiz desentendida.
- A carta, que você acaba de escrever à ele, você sabe. Quando eu disse que lhe faria bem, seria exatamente esse bem. Você vai mostrá-la, vai se abrir e demonstrar todo o seu sentimento à ele e ele entenderá e correrá para os seus braços. Ele também sonha com esse dia.

E ele realmente sonhava!

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