Olhei para o remédio ali, sobre a mesa. Em letras pretas e negrito vinha o nome: TEMPO.
Li a bula, parecia milagroso, confesso.. Convenceu, um comprimido a cada dia e num surto de rapidez suas dores e vertigens estariam derrotadas! Ual.
Tomei-o conforme as recomendações durante dias e nada mudou. As dores até pareciam piores e cheguei a checar a data de validade. Vencera à tempos, não teria mais utilidade. Comprei o genérico, idêntico, com as mesmas funções e supostos milagres. Seria mais fácil ter uma overdose, à uma melhora. Decidi parar, pensar. Duraria para sempre a minha dor, ou saberia resolvê-la quando tivesse força de vontade e dedicação? Pois bem, fiz esforços, ultrapassei barreiras e acabei derrotada, pela fraqueza e saudade. O que mais posso fazer? Sem forças, sem voz, sem nada. Apenas desejos e não desejos, uma dose de razão.. Outra de emoção. Algumas demonstrações contínuas de afeto e carinho, vindos da direita e da esquerda. O melhor caminho, onde estaria? Mensageiros fieis tentavam me aconselhar sobre a direção certa, mas a cada sílaba a decisão parecia mudar. O que acontece então, se a dor parece a mesma e se a cada segundo esgotam-se as lágrimas e juntamente os sorrisos? Já não sei ao que recorrer.
Se me decepciono até com remédios e falsas promessas, o que mais me falta?